domingo, 8 de agosto de 2010

Trinta e Dois Canais de Nada


Não adianta, por mais que procuremos, nenhum dos 32 canais da rede aberta de televisão do Brasil, oferece uma programação siginficativa para nossas vidas. Bom, claro que da televisão, não pode se esperar muito, porém, é estranho ver que há tantos canais com apenas uma idéia: a da alienação.
Em uma recente entrevista à folha, a atriz Aracy Balabanian, fez uma observação interessante:

"Hoje, vejo que se tenta melhorar, melhorar, melhorar, e tudo ficou tecnicamente melhor. É HD, luz, equipamento, mas a televisão sofreu um empobrecimento"

É, com certeza, ela não poderia estar mais certa. Mas será que algum dia, a televisão foi, de certa forma, siginificativa ou, pelo menos, menos maliciosa em nossas vidas?
Claro, com certeza aparecerão aqueles que se lembrarão da década de 70 e 80, com seus desenhos inesquecíveis, e seus programas infantis de qualidade superior. Também aparecerão aqueles que dirão que a nudez era menor na TV, e que não havia tanta "pornografia gratuita", com mulheres exibindo seus corpos malhados em biquínis mínimos. E até haverão aqueles, que dirão que o humor era melhor e mais refinado. Mas será, que se olharmos bem mesmo, veremos uma diferença tão grande? Uma ideologia tão diferente do que a nossa televisão difunde hoje? Creio que não. Se tivermos sorte, a única coisa que mudou mesmo, é de que a Globo já não é mais a mesma máquina super poderosa e inabalável que antes era.
Mas...O que anda abalando a Globo? Cópias fiéis de seus programas em outras emissoras, especialmente na Record. Agora, todas as emissoras querem ter o padrão Globo de qualidade, e nós pobres mortais, que paguemos o preço. Todas querem ter suas novelas das 6, das 7, das 8. E tem para todas as idades, com mensagens de cunho social e de grande importância, que logo são esquecidas quando a novela atual termina. Todas querem ter sua campanha altruísta de ajuda ao próximo, seu "Criança Esperança" particular. Todas querem ter um apresentador à "altura" de Fausto Silva; e nós aqui do outro lado, ficamos cada vez mais sem personalidade nos programas. Cada vez mais, vemos mais do mesmo.
Mas claro, sempre aparece quem tenta inovar: Legendários! Que tal? Nome bonito; proposta linda! Mas não funciona... Só nos dá mais do mesmo, e dá ainda menos do que os outros oferecem. Acaba que não chega em lugar algum. Fica entre Pânico e CQC, e perde-se bem antes do meio do caminho que propõe-se percorrer.
Reality Shows? Temos pra todos os gostos! Musicais, sobre nada (leia-se BBB e A Fazenda), que tomam grande parte da vida de pessoas que, ao que parece, preferem a vida da TV, do "ídolo" que nem mesmo ouviram falar à sua, que já é por demais sem graça, perto de tantas festas bacanas produzidas dentro da "Nave Mãe BBB". E esses ídolos, pseudo celebridades que somem mais rápido que um raio, são os exemplos que muitos deixam os filhos verem. São pessoas, que ao saírem de seu confinamento, tem milhões de seguidores, que tatuam na ppele o nome de pessoas que nem sabem de sua existência. Aonde chegamos?
Nossas tardes, são recheadas com violência e regadas a sangue,com um jornalismo cheio de sensacionalismo, que mostra de certa forma a verdade, mas nunca com o intuito de informar, apenas de manter seus anunciantes. Repetem-se incansavelmente notícias e nomes que acabam se tornando familiares do povo, mas não mostram solução. Mostram, ensinam a se revoltar contra o governo, contra as mazelas em que nós vivemos, mas não mostram como podemos alcançar nosos direitos. Fazem a vez de jornalismo apenas como meio de comunicação de barbáries, mas não mostram meios para que possamos mudá-las.
Mas, é complicado. Muda-se dos grandes canais abertos e só se encontra: vaca, igreja, vaca, quiz premiado, vaca... É um tentando vender bençãos, o outro leiloando a maior vaca leiteira do estado, ou então, alguém querendo que você acumule pontos para ganhar 7.000 reais... Não é uma missão fácil assistir TV aberta no Brasil, aliás com certeza, em nehuma parte do mundo. Assistir TV, virou o maior sinônimo de alienação dos últimos tempos. E não adianta, nem mesmo canais como TV cultura e Futura, eram como costumavam ser; mas ainda assim, são um sopro de vida na televisão brasileira. Tampouco, adianata fazer ataques contra a globo, e esquecer-se das outras tres dezenas de canais que seguem à sombra da grandiosa emissora.
Dentro de tudo isso, ainda há uma certa vontade de respirar da TV. Há programas que tentam sair do lugar comum, mas misteriosamente, não duram muito tempo, como por exemplo, o programa "Separação" do Globo, que ainda não tem volta certa à grade da emissora. Entre os que estão no ar, destaco "A Liga" da BAND, que mostra matérias jornalísticas de uma maneira mais próxima de nossa realidade/interesse, sem cair no lugar comum. Mas esse é apenas UM entre as centenas de horas de programação diária que nossa TV brasileira (uma das, ou de acordo com muitos, a melhor do mundo), produz.
Será que o problema está de qual lado da telinha afinal?

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