terça-feira, 3 de agosto de 2010

Onde os Monstros Vivem? Nem tão Longe Assim.



Se Spike Jonze queria causar certa estranheza com seu filme intitulado de "Onde Vivem os Monstros" (Where The Wild Things Are, EUA, 2009), e até um ar depressivo sobre a infância, ele conseguiu. Recheado de metáforas e de uma linguagem que pode parecer confusa (e por vezes até inocente demais), o filme caminha em seus 101 minutos de maneira que leva do extase ao cansaço em certos momentos, mas deixa um resultado final impressionante: uma obra prima.
Raros nos dia atuais, fimes dedicados ao público infantil como "Onde Vivem os Monstros", levam-nos sobre uma reflexão acentuada sobre o fato de acharamos que as crianças não devem sofrer para aprender as lições básicas da vida, como respeito e autonomia. A sinopse, baseada em um livro Maurice Sendak do ano de 1963, leva-nos diretamente de encontro a Max: um garoto de 9 anos que não tem exatamente a vida que queria, e por vezes, também não se sente na família ideal. Sente raiva da irmã por ela ser mais velha, e já ter seus compromissos e também não entende o porque de sua mãe arrumar um novo companheiro. Certo dia, num momento de fúria (leia-se birra), Max depois de morder o braço da mãe, foge desesperadamente pela rua de sua casa, até assentar-se em um pequeno esconderijo, onde dentro de poucos segundos, um grande e bravio mar surgirá a sua frente, levando-o de encontro a uma ilha misteriosa onde apenas monstros habitam.
Lá, Max terá chance de enfrentar todos os monstros de sua vida, já que encontrará todos os tipos de personalidade que teme em seu dia-a-dia, e, de certa maneira, são as transfigurações de seu eu. Porém dentre todos esses, um deles se destacará: Carol. Um monstro doce no início, mas que com o passar do tempo, mostrará seu egoísmo e ira em momentos desnecessários, fazendo com que Max, encontre consigo mesmo, e possa refletir suas ações. Para que o fardo não pese tanto, Max encontrará KW, o único monstro que não lembra em nada ele mesmo, representando o amor materno que Max parece ainda não compreender, causando grandes momentos de discussões e com certeza fazendo-nos lembrar do quão grossos já fomos com nossas mães algum dia. A cena em que KW pede para que Carol pise em sua cabeça para que seja punida por um ato parecid,o mas de certa forma sem intenção, é de uma força tão grande que o silencio em que ela acontece, é perturbador.
A trilha sonora é um ponto positivo a mais, bem como a linda fotografia, que dá um ar quase sépia ao filme, apelando para tons marrons seja nas pelagens dos monstros, ou nas florestas e montanhas.
Inicialmente direcionado ao público infantil, "Onde Vivem os Monstros" não deve ser ignorado pelos adoradores de cinema. Afinal, não apenas as crianças esquecem-se de que nem sempre somos pessoas agradáveis, e que aos olhos dos outros podemos ser, de certa forma, monstros. Afinal, onde vivem os monstros? Com certeza, mas perto do que imaginamos.

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